História
A história de Alagoas se inicia antes do descobrimento do Brasil, quando o atual
território do estado era povoado pelos índios caetés. A costa do atual Estado de Alagoas, reconhecida desde as
primeiras expedições portuguesas, desde cedo também foi visitada por embarcações
de outras nacionalidades para o escambo de pau-brasil (Caesalpinia echinata).
Quando da instituição do sistema de Capitanias Hereditárias (1534), integrava a
Capitania de Pernambuco, e a sua ocupação
remonta à fundação da vila do Penedo (1545), às margens do rio São Francisco, pelo donatário Duarte Coelho Pereira, que incentivou a
fundação de engenhos
na região. Palco do naufrágio da Nau Nossa Senhora da Ajuda e subsequente
massacre dos sobreviventes, entre os quais o Bispo D. Pero Fernandes Sardinha, pelos Caeté (1556), o episódio serviu de justificativa
para a guerra de extermínio movida contra esse grupo indígenas pela Coroa
portuguesa. Ao se iniciar o século
XVII, além da lavoura de cana-de-açúcar, a região de Alagoas era expressiva
produtora regional de farinha de mandioca, tabaco, gado e peixe
seco, consumidos na Capitania de Pernambuco. Durante as invasões holandesas do Brasil
(1630-1654), o seu litoral se tornou palco de violentos combates, enquanto que,
nas serras de seu interior, se multiplicaram os quilombos, com
os africanos
evadidos dos engenhos de Pernambuco e da Bahia. Palmares, o mais famoso, chegou a contar com
vinte mil pessoas no seu apogeu. Constituiu-se em a Comarca de Alagoas em 1711,
e foi desmembrado da Capitania de Pernambuco (Decreto de 16 de setembro de
1817), em consequência da Revolução Pernambucana daquele ano. O seu
primeiro governador, Sebastião Francisco de Melo e
Póvoas, assumiu a função a 22 de janeiro de 1819.
Durante o Brasil Império (1822-1889), sofreu os reflexos de
movimentos como a Confederação do Equador (1824) e a Cabanagem
(1835-1840). A Lei Provincial de 9 de dezembro de 1839 transferiu a capital da
Província da cidade de Alagoas (hoje Marechal
Deodoro), para a vila de Maceió, então elevada a cidade.
A primeira Constituição do Estado foi assinada em 11 de junho de
1891, em meio a graves agitações políticas que assinalaram o início da vida republicana.
Os dois primeiros presidentes da República do
Brasil, Deodoro da Fonseca e Floriano
Peixoto, nasceram no estado. Barra Grande deve ter sido o primeiro ponto
do território das Alagoas visitado pelos descobridores, por ocasião da viagem
de Américo Vespúcio, em 1501. Embora não haja
referência àquele porto, excelente para a acolhida de navios, como a expedição
vinha do norte para o sul, cabe crer que tenha ocorrido ali o primeiro contato
com a terra alagoana. A 29 de setembro Vespúcio assinalou um rio a que chamou São
Miguel, no território percorrido; a 4 de outubro denominou São Francisco o rio então descoberto, hoje limite
de Alagoas com Sergipe.
Sem sombra de dúvida, nas décadas seguintes, os franceses
andaram pela costa alagoana, no tráfico do pau-brasil com os selvagens dos arredores. Até
hoje o porto do Francês documenta a presença, ali,
daquele povo.
Duarte Coelho, primeiro donatário da capitania de Pernambuco, realizou uma
excursão ao sul; não há documentos que a comprove, mas há evidências de que
tenha sido realizada em 1545 e de que dela resulte a fundação de Penedo, às margens do rio São Francisco.
Em 1556, voltava da Bahia para Portugal o bispo dom Pero Fernandes Sardinha, quando seu navio
naufragou defronte da enseada do hoje pontal do Coruripe.
Sardinha foi morto e devorado pelos caetés, uma das numerosas tribos indígenas então
existentes na região. Perdura a crença popular de que a ira divina secou e
esterilizou todo o chão manchado pelo sangue do religioso. Para vingá-lo, Jerônimo de Albuquerque comandou uma
expedição guerreira contra os caetés, destruindo-os quase completamente.
Em 1570, uma segunda bandeira enviada por Duarte
Coelho, comandada por Cristóvão Lins, explorou o norte de Alagoas, onde
fundou Porto
Calvo e cinco engenhos, dos quais subsistem dois, o Buenos Aires e o
Escurial.Neste último repousou, em 1601, o corsário inglês
Anthony Knivet, que viajara por terra após fugir da Bahia, onde estivera
prisioneiro dos portugueses.
No princípio do século XVII, Penedo, Porto Calvo
e Alagoas já eram freguesias,
admitindo-se que tais títulos lhes tivessem sido conferidos ainda no século
anterior. Foram vilas, porém, em 1636. Repousando a economia regional na atividade açucareira, tornaram-se os engenhos de açúcar os núcleos principais da
ocupação da terra. A partir de 1630, Alagoas, atingida pela invasão holandesa, teve povoados, igrejas e engenhos
incendiados e saqueados.
Os portugueses
reagiram duramente. Batidos por sucessivos reveses, os holandeses
já desanimavam, pensando em retirar-se, quando para eles se passa o mameluco Domingos Fernandes Calabar, de Porto Calvo.
Grande conhecedor do terreno, orientou os holandeses em uma nova expedição a
Alagoas. Os invasores aportaram à Barra Grande, de onde passaram a vários
pontos, sempre com bom êxito. Em Santa Luzia do Norte, a população, prevenida,
ofereceu resistência. Após encarniçada peleja, os holandeses
recuaram e retornaram a Recife. Mas, caindo em seu poder o arraial do
Bom Jesus, entre Recife e Olinda, obtiveram
várias vitórias.
Alagoas, Penedo e Porto Calvo:
eis os pontos principais onde se trava a luta em terras alagoanas. Por fim, os portugueses
retomaram Porto Calvo e aprisionaram Calabar, que morreu na forca em 1635. Clara
Camarão, uma porto-calvense de sangue indígena, também se salientou na luta
contra os holandeses.
Acompanhou o marido, o índio Filipe
Camarão, em quase todos os lances e arregimentou outras mulheres,
tomando-lhes a frente.
Por volta
de 1641, afirmava um chefe holandês estar quase despovoada a região. Maurício de Nassau
pensou em repovoá-la, mas o projeto não foi adiante. Na época também se
produzia fumo em Alagoas, considerado de excelente
qualidade o de Barra Grande.
Em 1645, a população participou da reação nacionalista, integrando-se na luta
sob o comando de Cristóvão Lins, neto e homônimo do primeiro povoador de Porto Calvo. Expulsos os holandeses do território
alagoano, em setembro de 1645, prossegue a população em sua luta contra eles,
já agora, todavia, em território pernambucano.
Em fins
do século XVII intensificam-se as lutas contra os quilombos negros reunidos nos Palmares.
Frustradas as primeiras tentativas de Domingos Jorge Velho,
sobretudo em 1692, dois anos depois o quilombo é derrotado, com o ataque
simultâneo de três colunas: uma, dos paulistas de Domingos Jorge; outra, de pernambucanos, sob o comando de Bernardo Vieira de
Melo; e a terceira, de alagoanos, comandados por Sebastião Dias. Palmares
começara a formar-se ainda nos fins do século XVI, e resistiu a sucessivos ataques
durante quase um século.
Um dos
maiores redutos de escravos foragidos do Brasil colonial, Palmares ocupava inicialmente a
vasta área que se estendia, coberta de palmeiras, do cabo de Santo
Agostinho ao rio São Francisco.
A superfície do quilombo, progressivamente reduzida com o passar do tempo,
concentrar-se-ia, em fins do século XVII, na ainda extensa região delimitada
pelas vilas de Una e Serinhaém, em Pernambuco, e Porto Calvo, Alagoas e São Francisco (Penedo), em
Alagoas. Os escravos haviam organizado no reduto um verdadeiro estado, segundo
os moldes africanos, com o quilombo constituído de
povoações diversas (mocambos), pelo menos 11, governadas
por oligarcas, sob a chefia suprema do rei Ganga-Zumba. A partir de 1667, amiudaram-se as
entradas contra os negros, a princípio com a finalidade de recapturá-los, em
seguida com a de conquistar as terras de que se haviam apoderado. As investidas
do sargento-mor Manuel Lopes (1675) e de Fernão Carrilho (1677) seriam desastrosas para os
quilombolas, obrigados a aceitar a paz em condições desfavoráveis. Apesar desse
revés, a luta prosseguiria, liderada por Zumbi, sobrinho
de Ganga-Zumba, contra cujas hostes aguerridas, em seguida a uma primeira
expedição punitiva, em 1679, e a diferentes entradas sem maiores consequências,
se voltaria finalmente o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho,
para tanto contratado pelo governador
de Pernambuco, João da Cunha Souto
Maior. Nos primeiros meses de 1694, aliado a destacamentos alagoanos
e pernambucanos, sob o comando, respectivamente, de
Sebastião Dias e Bernardo Vieira de
Melo, Velho liquidaria a derradeira resistência do quilombo. Zumbi
lograria escapar, arregimentando novos combatentes, mas, traído, ver-se-ia
envolvido por forças inimigas, com cerca de vinte de seus homens, perecendo em
luta, a 20 de novembro de 1695. Desaparecia, após mais de sessenta anos, o quilombo dos Palmares,
"o maior protesto ao despotismo que uma raça infeliz traçou à face do
mundo", no dizer de Craveiro Costa.
Já então apresentavam as Alagoas indícios de prosperidade e
desenvolvimento, quer do ponto de vista econômico, quer do cultural. Sua
principal riqueza era o açúcar, sendo além disso produzidos, embora em menor escala, mandioca, fumo e milho; couros, peles
e pau-brasil eram exportados. As matas abundantes forneciam madeira para a
construção de naus.
Nos conventos de Penedo e das Alagoas
os franciscanos mantinham cursos e publicavam sermões e poesias. Tudo isso
justificou o ato régio de 9 de outubro de 1710, criando a comarca das
Alagoas, que somente se instalou em 1711. Daí em diante, a organização
judiciária restringia o arbítrio feudal dos senhores, e até o dos
representantes da metrópole. A comarca desenvolvia-se.
Já em 1730 o governador de Pernambuco,
propondo a el-rei a extinção da decadente capitania da Paraíba, assinalava a
prosperidade de Alagoas, com seus quase cinquenta engenhos, dez freguesias, e
apreciável renda para o erário real.
Ao lado do açúcar, incrementou-se a cultura do algodão. Seu
cultivo foi introduzido na década
de 1770; em 1778, já se exportavam para Lisboa amostras de
algodão tecido nas Alagoas. Em Penedo e Porto Calvo,
fabricava-se pano ordinário, para uso, sobretudo, de escravos. Em 1754, frei João de Santa
Ângela publicou, em Lisboa,
seu livro de sermões e poesias; é a primeira obra de um alagoano. A população
crescia, distribuindo-se em várias atividades. Um cômputo demográfico mandado
realizar em 1816 pelo ouvidor Antônio Ferreira Batalha registrava uma população
de 89.589 pessoas.
Três anos depois, em 1819, novo recenseamento acusou uma população de 111
973 pessoas. Contavam-se, então, na província, oito vilas. Alagoas já se
constituíra capitania independente da de Pernambuco,
criada pelo alvará de 16 de setembro de 1817. A repercussão da Revolução Pernambucana desse ano contribuiu
para facilitar o processo de emancipação. O ouvidor Batalha foi o principal
mentor da gente alagoana. Aproveitando-se da situação e infringindo as próprias
leis régias, desmembrou a comarca da jurisdição de Pernambuco e nela constituiu um
governo provisório. Esses atos foram suficientes para abrir caminhos que
levaram D. João a sancionar o desmembramento. Sebastião Francisco de Melo e
Póvoas, governador nomeado, só assumiu o governo a 22 de janeiro de 1819.
Acentuou-se a partir de então o surto de prosperidade de Alagoas. Em 17 de
agosto de 1831 apareceu o Íris Alagoense, primeiro jornal publicado na
província, assim considerada a partir da independência do Brasil e organização do
império. É certo que os primeiros anos de independência não foram fáceis. Uma
sequência de movimentos abalou a vida provincial: em 1824, a Confederação do Equador; em 1832-1835, a Cabanada; em
1844, a rebelião conhecida como Lisos e Cabeludos; em 1849, a repercussão da revolução praieira.
Em 1839 a capital, então situada na velha cidade das Alagoas, foi
transferida para a vila de Maceió, localizada à beira-mar, no
caminho entre o norte, o centro e o sul da província. No processo de mudança defrontaram-se as
duas facções políticas mais importantes, uma chefiada pelo mais tarde visconde de Sinimbu, outra pelo juiz Tavares Bastos, pai do futuro pensador
Tavares Bastos, nascido, aliás, nesse ano de 1839. Naquele momento a província
possuía oito vilas. Desde 1835 funcionava a assembleia provincial.
No governo da província sucediam-se os presidentes
nomeados pelo imperador,
nem sempre interessados pelos destinos da terra, outras vezes envolvidos por
lutas partidárias. A província, contudo, progredia. No campo da economia, vale
salientar a fundação, em 1857, da primeira fábrica alagoana de tecidos, a
Companhia União Mercantil, no distrito de Fernão
Velho. Idealizou-a o barão de Jaraguá, contribuindo dessa forma para o
fomento da economia regional. Trinta anos mais tarde, fundou-se a Companhia
Alagoana de Fiação e Tecidos, que em 15 de outubro de 1888 se instalou em Rio Largo.
Seguiu-se a esta, em 30 de setembro de 1892, a fundação da Companhia Progresso
Alagoano, em Cachoeira. Dessa atividade têxtil surgiram, com grande prestígio
nacional, as toalhas da Alagoana.
O ensino recebeu incentivo com a instalação em
1849, do Liceu Alagoano, destinado ao nível
médio; é hoje o Colégio Estadual de Alagoas. O ensino primário, já beneficiado em 1864 pelo
estabelecimento de uma escola normal, hoje funcionando sob a denominação de
Instituto de Educação, recebeu expressivo impulso com a criação de novas
escolas.Com a fundação, em 1869, do Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, hoje Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas, desenvolveram-se os
O
movimento republicano, intensificado pela abolição,
traduziu-se nas atividades da imprensa e clubes de propaganda. O mais
importante destes foi o Centro Republicano Federalista, também, de certo, o
mais antigo; outros foram o Clube Federal Republicano e o Clube Centro Popular
Republicano Maceioense, ambos existentes na capital no momento da proclamação.
No interior havia igualmente outros clubes de propaganda. O Gutenberg
era o órgão de imprensa mais veemente na difusão da ideia republicana.
No mesmo
dia em que, no Rio de Janeiro,
era proclamada
a república, em Maceió assumia a presidência o
dr. Pedro Ribeiro Moreira,
último delegado do governo imperial para a província. Confirmada a mudança do
regime, organizou-se a princípio uma junta governativa, mas a 19 de novembro o marechal Deodoro
designou o irmão, Pedro Paulino da
Fonseca, para governar o novo estado. Foi ele também o primeiro governador eleito após promulgada a constituição
estadual, em 12 de junho de 1891.
Perturbados
e incertos decorreram os primeiros dez anos de vida republicana, na província.
Governos se sucediam, nomeados pelo poder central ou eleitos pelo povo, mas
quase sempre substituídos ou depostos. Constituíram-se várias juntas governativas,
numa ou noutra oportunidade. Somente no fim do século XIX, ou melhor, já nos primeiros anos do século XX, a situação se consolidou com os
governos do barão de Traipu e
de Euclides Malta, o primeiro da chamada
"oligarquia Malta", que se prolongou até 1912. Euclides governou de 1900 a 1903;
sucedeu-lhe o irmão, Joaquim Paulo, no período de 1903 a 1906; Euclides voltou
ao poder de 1906 a 1909, e, reelegendo-se nesse ano, permaneceu por mais um
triênio, até 1912.
Os 12
primeiros anos do século se assinalaram por lutas partidárias. Contudo, não
houve paralisação nas diferentes atividades do estado. Maceió ganhou numerosos prédios públicos, como o
palácio do governo, inaugurado a 16 de setembro de 1902, o Teatro Deodoro e o edifício da municipalidade,
ainda hoje existentes. Com a atividade pedagógica de Alfredo Rego, procedeu-se
à reforma do ensino, atualizando a anterior, ainda dos fins do império,
orientada por Manuel Baltasar Pereira Diegues Júnior, criador do Instituto de
Professores, posteriormente chamado Pedagogium, iniciativa pioneira na época.
Nova remodelação do ensino se fez em 1912-1914, sob a orientação do segundo
daqueles educadores. Criou-se o primeiro grupo escolar.
Em 1912,
o Partido Democrata
conseguiu derrotar a oligarquia Malta depois de enérgica campanha, em que se
registraram ferrenhas lutas de rua, inclusive com a morte do poeta Bráulio
Cavalcanti, em praça pública, quando participava de um comício democrático. Clodoaldo da Fonseca,
governador eleito, embora não fosse alagoano, ligava-se ao estado através da
família: era sobrinho de Deodoro e filho de Pedro Paulino e, assim, parente do marechal Hermes,
então presidente da república.
As lutas
contra os Malta envolveram igualmente os grupos do culto
afro-brasileiro. Xangôs e candomblés, diziam os jornais da oposição, tinham
o governador Malta como estimulador. Entre papéis de orações, de panos com
símbolos desenhados de Ogum, de Ifá,
de Exu, foram encontrados
retratos dos chefes democratas da oposição. O grupo que apoiava o governador
era chamado de Leba, por alusão a uma das figuras do orixá dos xangôs. O que valeu de tudo isso é que o acervo
apreendido pela polícia se preservou — peças, objetos, insígnias e símbolos do
culto, conservados no museu do Instituto Histórico como uma das coleções mais
preciosas do culto afro-brasileiro.
Até 1930
o Partido Democrata
manteve a situação, através dos governadores que sucederam a Clodoaldo. Cada um
deles deu uma contribuição para o progresso do estado. Abriram-se estradas de
rodagem em direção ao norte e ao centro, e posteriormente o trecho de Atalaia e a Palmeira dos Índios,
estrada de penetração para a zona sertaneja;
construíram-se grupos escolares em quase todos os municípios; Maceió renovou-se com a abertura de ruas
e avenidas; combateu-se a criminalidade,
principalmente com o movimento contra o banditismo, que culminaria, em 1938, com o
extermínio do grupo de Lampião;
promoveram-se pesquisas petrolíferas. As sucessões políticas praticamente se
fizeram sem luta, pois quase sempre predominava o candidato único, oriundo do Partido Democrata.
Com a
vitória da revolução de outubro de 1930,
também sem luta armada no estado, iniciou-se o sistema de interventores (com
breve interrupção entre 1935 e 1937) até 1947, quando a redemocratização do
país propiciou a promulgação de uma nova constituição para o estado. O chamado período das
interventorias foi
igualmente fecundo, malgrado a falta de continuidade nas administrações, quase
sempre de curtos períodos. Nesse período, entre outros fatos marcantes
destacaram-se os trabalhos de pesquisa do petróleo; a construção do porto de Maceió, inaugurado em 1940; o incremento das atividades
econômicas, sobretudo com a diversificação da produção agrícola e a implantação
da indústria leiteira em Jacaré dos Homens,
constituindo-se a cooperativa de laticínios para a produção de leite,
manteiga e queijo; o incremento do ensino rural e a ampliação do cooperativismo. Tal desenvolvimento possibilitou
que, no período da segunda guerra mundial,
Alagoas contribuísse, de maneira efetiva, para o abastecimento de estados
vizinhos, sem prejuízo de sua colaboração para o esforço de guerra.
Constituiu-se, com a criação da usina Caeté, a primeira cooperativa de plantadores de cana.
As
atividades intelectuais também se desenvolveram, não apenas com o Instituto
Histórico, mas ainda com a criação da Academia Alagoana
de Letras, em 1919, e a formação de centros literários de
jovens como a Academia dos Dez Unidos, o Cenáculo Alagoano de Letras e o Grêmio
Literário Guimarães Passos. Em 1931, fundou-se a Faculdade de
Direito, e em 1954 a Faculdade de Ciências
Econômicas. Depois essas duas faculdades, e mais
as de odontologia, medicina, engenharia e serviço social uniram-se para formar a Universidade
Federal de Alagoas.
As lutas
políticas estaduais ganharam força na década de 1950. Quando da tentativa de
impeachment do governador Muniz Falcão, em 1957, um tiroteio na assembleia legislativa
causou a morte do deputado Humberto Mendes,
sogro do governador. E em toda a segunda metade do século XX manteve-se a tensão política, enquanto
os ganhos oriundos do sal-gema, do açúcar e do petróleo não beneficiavam a população.
Em 1979,
o ex-governador Arnon de Melo, então
senador, conseguiu do governo militar a nomeação de seu filho Fernando Afonso Collor
de Melo, para prefeito de Maceió. Em 1988, um acordo entre Collor, já
então governador, e as usinas
de açúcar e álcool, principais contribuintes do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços no estado,
permitiu que estas reduzissem sua carga tributária. A queda de receita agravou a histórica
crise social e econômica do estado e gerou um quadro falimentar que levou o
governo federal a uma intervenção não-oficial em 1997. Depois de nomeado um novo secretário
de Fazenda, o governador Divaldo Suruagy se
afastou, cedendo o posto ao vice-governador.
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